Psicoterapia On Line

Adenáuer Novaes • 19 de abril de 2021

Psicoterapia On Line

Nos dias atuais a terapia on line tem sido de grande importância. Com um crescimento significativo, trouxe mais experiência para psicoterapeutas e pacientes.
Mas você já refletiu sobre os aspectos que permeiam esta relação on line?
Já pesou os prós e contras?
É importante conhecermos bem a fim de melhor nos adequarmos a esta modalidade. Vamos refletir juntos!

O mundo moderno, com seus aparatos tecnológicos, ampliou as capacidades intelectivas humanas, aproximando as pessoas umas das outras, antes separadas por enormes distâncias. O surgimento da Internet, entre muitas outras vantagens, facilitou o contato direto entre pessoas para a realização de inúmeras atividades que só eram possíveis presencialmente. Uma delas é a consulta psicológica à distância ou on line. Nesta modalidade de atendimento, garantidas as condições de privacidade e o uso de equipamentos seguros, o paciente contata com o profissional para que ocorra uma sessão de psicoterapia não presencial. O setting agora é outro, pois o ambiente se tornou mais amplo, de acordo com as condições e acessos a outros fatores estimulantes em que se encontra o paciente. Por estar em seu ambiente, o paciente adotará outra persona, mais segura e com menor grau de liberdade para se expor perante o outro. Estará em seu território, podendo ser influenciado pela egrégora ali reinante, o que altera sua disposição, seu humor e sua suscetibilidade ao que esteja ocorrendo circunstancialmente no espaço doméstico.

O ambiente do profissional estimula mais a exposição do Inconsciente, pois o paciente sabe que ali é o local onde ele deve se abrir, colocando-se de forma mais verdadeira possível. Seus mecanismos de defesa não serão utilizados de forma plena. Por outro lado, o ambiente do paciente estimula mais a potencializar os conteúdos da Consciência, pois ali é seu domínio, onde seus estímulos sugerem experiências vividas naquele espaço. As distorções típicas da exposição de imagens características dos equipamentos eletrônicos dificultam a percepção das expressões emocionais que são automaticamente lidas pelo psicoterapeuta. A neutralização dos fatores ambientais, que interferem na manifestação do psiquismo do paciente durante a sessão on line, nem sempre é possível. Para tanto, é preciso fazer certas exigências com questionamentos mais específicos e detalhados de tudo que é dito.
(...)
É importante a avaliação de uma possível superficialidade na relação on line, em face da comodidade dos envolvidos, da espontaneidade que os ambientes sugerem e da expectativa de afazeres imediatos. As condições em que o paciente se encontra, habitualmente em casa, favorecem uma certa distensão em que mergulhos no Inconsciente ficam mais difíceis e em que há mais oportunidades de afloramento de conteúdos mais próximos da Consciência. Neste quadro, a trivialidade pode dominar os diálogos, distraindo o psicoterapeuta em seu propósito de penetrar e conduzir seu paciente ao Inconsciente.

Nem sempre o ambiente doméstico onde o paciente se instala possui o necessário isolamento acústico que ofereça garantia de sigilo. Tampouco pode-se garantir que ele se encontra sozinho no ambiente. Mesmo que ele tome todas as precauções que o assegure de que não há vazamento dos diálogos, a certeza não fará parte da consciência do psicoterapeuta. A possibilidade de estar sendo escutado no ambiente doméstico poderá limitar a fala do paciente, bem como fazê-lo resumir o que queira abordar, tratando simbolicamente o que seria seu foco principal. O espaço aberto em que se configura uma câmera permite a inserção de conteúdos projetados pelo psicoterapeuta, bem como do surgimento da curiosidade em saber o que ali existe.

Como se encontra em seu espaço, a fragilidade aos estímulos do ambiente, nos quais se encontram elementos que conectam o ego às razões a eles relacionadas, o foco pode ser eventualmente deslocado para conteúdos estranhos ao propósito da psicoterapia. Os objetos que compõem o espaço físico do paciente, bem como as imagens inerentes às experiências ali vividas, exercem influência sobre a construção das ideias que serão por ele abordadas. Tal influência poderá trazer aspectos tão somente relacionados à vida consciente e a tudo quanto seja do exclusivo interesse do personagem. A depender do ambiente escolhido, sobretudo quando se trata de área aberta, a falta de foco poderá ser comum.
(...)
A psicoterapia ocorre pela utilização de um equipamento eletrônico, portanto, é possível que ocorram defeitos ou problemas na transmissão, na amplificação do sinal e no aparelho escolhido. Interrupções constantes, quedas de sinal e a entrada de ligações externas não são incomuns, dificultando as sessões. É salutar que se tenha uma outra opção para uma rápida mudança, sem que se altere o curso da sessão. Deve-se ter um bom plano de Internet, em paralelo, um bom plano de telefone fixo ou celular e um outro equipamento em substituição ao utilizado. Melhor que o psicoterapeuta esteja munido de um bom aparelho celular, um tablet e um computador notebook ou desktop.

Mesmo com tantos obstáculos, a psicoterapia moderniza-se, atualiza-se e insere, na subjetividade do processo, vários elementos a serem considerados que podem interferir em seus juízos e nas percepções de seu paciente. As possíveis interferências aqui relacionadas não inviabilizam o processo psicoterápico, mas apenas incluem obstáculos a serem vencidos, cujo sucesso dão mais corpo ao trabalho. Assim também ocorreu quando da mudança de posição do psicoterapeuta, que se escondia atrás de seu paciente, passando a estar com ele frente a frente.

Como todo sistema se esgota em si mesmo, veremos até quando a psicoterapia sustentará a distância física e simultaneamente a proximidade tecnológica pela modalidade on line. Talvez venhamos a evoluir pela representação da imagem à distância, na qual ambos podem contracenar virtualmente em qualquer ambiente que desejem estar. Neste caso, o cenário poderá ser escolhido a gosto dos dois, sobretudo aquele em que situe o paciente em condições predefinidas, de acordo com interesses psicoterapêuticos.

Para saber mais sobre este e demais assuntos tratados por Adenáuer Novaes, veja as obras publicadas pelo autor. Este conteúdo foi extraído do livro: Psicoterapia e Mediunidade.

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