Tipos de Mediunidade e a lmportância do Conhecimento na Psicoterapia
Tipos de Mediunidade e a lmportância do Conhecimento na Psicoterapia

Allan Kardec, ao estudar a mediunidade em O Livro dos Médiuns, sistematizou os diversos tipos de mediunidade a partir dos efeitos que produzem. Essa classificação didática distingue os fenômenos sem estabelecer teorias ou dogmas, apenas fundamentada na observação rigorosa dos fatos. Essa abordagem permite ao psicoterapeuta ampliar sua compreensão sobre a complexidade dos fenômenos que podem surgir no contexto clínico.
Os tipos de mediunidade identificados por Kardec são:
● Efeitos físicos. Permite a produção de fenômenos materiais por uma qualidade especial de fluido de que o médium é possuidor; o Espírito que provoca o fenômeno, pela ação de sua vontade, associa seu fluido ao do médium, cuja qualidade específica lhe permite agir denunciando sua presença;
● Captação de presenças espirituais. O médium tem a sensibilidade ou a capacidade de ser impressionável à presença de Espíritos no ambiente em que se encontra; são conhecidos como médiuns sensitivos ou impressionáveis;
● Psicofonia, ou de falar sob a orientação de um Espírito. Trata-se da produção de comunicações orais oriundas de outra Consciência; são médiuns falantes ou de Psicofonia, cujos órgãos da fala do médium são utilizados por Espíritos;
● Audição. O médium auditivo ou de audiência ouve naturalmente ou internamente uma voz que lhe fala o que deve dizer;
● Vidência. Permite que o médium veja os Espíritos ou ambientes espirituais; a visão pode se dar com os olhos físicos ou as imagens são projetadas em sua Consciência; é uma faculdade rara, intermitente e excepcional;
● Sonambulismo. Ocorre durante o período em que o indivíduo, após dormir, entra em estado sonambúlico e estabelece relações com os Espíritos, expondo o que vê, ouve ou sente;
● Cura. O médium espontaneamente, com o auxílio de Espíritos, cura doenças físicas, mentais e espirituais; esta capacidade de cura pode ocorrer também sem o auxílio de Espíritos; trata-se do uso de um fluido especial que o Espírito e o médium possuem, capaz de promover o restabelecimento instantâneo do organismo a ser curado;
● Pneumatografia. O médium obtém a escrita direta, sem uso de qualquer lápis ou caneta, geralmente à sua revelia; uma página, antes em branco, surge inesperadamente escrita, mesmo quando colocada dobrada em local e de forma inacessível a qualquer ser humano; hoje, esta faculdade é rara e de pouca utilidade;
● Psicografia ou escrevente. Permite que um Espírito, de onde parte o conteúdo de uma mensagem, exerça influência sobre a Mente do médium para que escreva; à medida que escreve, o médium vai tomando consciência de seu significado;
● Pressentimento ou premonição. O médium, em certas circunstâncias, tem uma vaga intuição de acontecimentos futuros ou de eventos comuns do cotidiano que imediatamente vão ocorrer; os eventos pressentidos nem sempre se confirmam, pois o futuro é sempre uma probabilidade;
● Arte. São médiuns especiais, pois apresentam habilidades mediúnicas específicas, tais como: poesia, pintura, música etc.; aos médiuns de pintura atribui-se o nome de médium de psicopictografia;
● Inspiração ou intuitiva. Característica de toda pessoa que, por inspiração e espontaneamente, recebe em sua Consciência ideias diferentes das suas. Por ser sutil, dificulta a distinção entre ideias próprias e ideias inspiradas por via mediúnica.
Na prática clínica, o psicoterapeuta não precisa manter seu foco no fenômeno mediúnico ou tentar comprovar a existência dele, mas sim conhecer esses tipos para reconhecer quando podem ocorrer ou já ocorreram. Essa compreensão é fundamental para identificar e encaminhar adequadamente os casos em que os fenômenos mediúnicos se manifestam.
A psicoterapia, portanto, não é um espaço isolado ou imune a influências espirituais. Embora o psicoterapeuta não deva permanecer ansioso ou preocupado em demasia com a presença de fenômenos mediúnicos, ele precisa estar capacitado a distinguir quando um relato ou comportamento foge à normalidade do paciente, considerando a possibilidade de mediunidade ostensiva ou sutil. O conhecimento sobre os tipos de mediunidade amplia a percepção e o manejo do terapeuta, que deve estar preparado para lidar com influências espirituais — inclusive sobre si mesmo — sem perder o foco do trabalho terapêutico.
Assim, o essencial não é se tornar um especialista em mediunidade, mas ter a sensibilidade e a clareza para não desconsiderar o fenômeno, quando identificado, e agir com conhecimento e serenidade. Afinal, como lembra a história da própria ciência, negar ou ignorar fenômenos apenas por não compreendê-los limita o potencial de cuidado e evolução que a psicoterapia pode oferecer.