Sonhos e Conexões Espirituais

Adenáuer Novaes • 28 de fevereiro de 2021

Sonhos e Conexões Espirituais

Você costuma sonhar com pessoas que já desencarnaram? 
Que você pensa sobre isso?
Nesta postagem, vamos conhecer um pouco sobre os sonhos e as nossas conexões espirituais.

As atividades extrafísica dos sonhos não se constituem ideia nova nem sobrenatural. Ao contrário, esta ideia já era defendida pelos pitagóricos, bem como por Platão, além de estar presente no conhecimento esotérico egípcio. Durante muito tempo, evitou-se abordar tais temas, sobretudo na Psicologia clássica, porém os fatos, senhores da razão, introduziram-se irreverentemente nas ciências, obrigando-as a considerar, pelo menos como hipótese, sua possibilidade de ocorrência.

Entendendo o Espírito como o senhor do personagem ao qual nos identificamos (veja postagens anteriores), é ele o princípio inteligente, a sede do saber. A partir desta compreensão, não se pode compreender o sonho como algo estritamente resultante das atividades realizadas pelo sonhador durante o dia, já que propõe um certo estado de consciência (porém inconsciente) durante o sono. O ego onírico, por vezes, é o próprio Espírito, consciente de sua individualidade, fora dos limites do corpo físico.

Embora seja o sonho, uma realidade do sonhador, há sonhos que se referem a terceiros, ou a eles se destinam como mensagens de sua vida passada ou para sua vida futura. Sonhos que trazem recados de pessoas “mortas” para parentes não dizem respeito objetivamente ao sonhador, mas àqueles para os quais se destina a mensagem. Diretamente não dizem respeito ao sonhador, mas indiretamente, pela forma como surgem e pelas imagens apresentadas, trazem o traço característico dele. Esses sonhos podem ser interpretados em termos do objeto e do sujeito.

Os sonhos se originam no Espírito, que, durante o sono, estando ligado ao perispírito, atua no mundo espiritual e, ao acordar, imprime suas impressões, imagens e sensações no córtex cerebral, dando margem à lembrança em forma de sonho.
O sonhador poderá estar destituído do corpo material (desencarnado) ou não (encarnado), pois o sonhar é um ato psíquico, cuja abrangência transcende os neurônios cerebrais. Mesmo desencarnado, o ser espiritual tem um ego, e esse ego sonha. As impressões serão gravadas em sua estrutura perispiritual, após o acordar. Corresponde a afirmar que a vida do Espírito fora do corpo permite-lhe também sonhar.

O senhor do sonho não é a alma, enquanto entidade humana, restrita aos limites do corpo enquanto este vive, mas a individualidade, o Espírito, cuja destinação exclusiva é o ascender espiritual. Esse ascender difere do processo de individuação junguiano, pois este ocorre no intervalo entre o nascer e o morrer físico, e aquele atravessa as vidas sucessivas num crescimento evolutivo contínuo.
A partir da mediunidade, faculdade psíquica que permite ao ser humano perceber a interexistencialidade da vida, é possível ao indivíduo, o médium, perceber ocorrências de níveis energéticos distintos. Com sua aptidão, os médiuns sonham frequentemente com pessoas falecidas e delas recebem orientações variadas em relação à sua vida ou à de terceiros, ou que sonham com acontecimentos que serão confirmados posteriormente, quando não há possibilidade alguma de serem previstos por leis probabilísticas.

Há sonhos que trazem conteúdos decorrentes de orientações e encontros espirituais, cuja análise, pela sua amplitude, pode ser feita de forma psicológica, sem prejuízo de sua interpretação espiritual. Não há delimitação de fronteiras nem se pode saber onde termina o espiritual e onde começa o psicológico.

Quando um ser desencarnado, “morto”, persegue alguém encarnado, “vivo”, chama-se esse fenômeno de obsessão espiritual. Há sonhos que retratam essa possibilidade de ocorrência durante o sono, quando o sonhador está liberado do corpo que dorme. Os sonhos carregados de emoções fortes geralmente apresentam aspectos que se assemelham às obsessões e perseguições características do mundo espiritual. São os chamados pesadelos.

Alguns sonhos, em que aparecem personagens já falecidos, conhecidos ou não do sonhador, podem se tratar de encontros espirituais. Eles se assemelham, numa linguagem junguiana, a um encontro com a imagem do arquétipo do velho sábio, que nada mais é do que um Espírito conselheiro a conversar com o sonhador.

Os chamados sonhos lúcidos, em que o sonhador tem consciência de que está dormindo e de que sua consciência, naquele momento, lhe afirma estar sonhando, são sonhos de emancipação do Espírito, que, naquele momento, não só detém a volição como também tem acesso à memória que guarda de outras vidas. Liberto do corpo, o qual retém as lembranças de vidas passadas, o Espírito entra em contato, em si mesmo, com esse conhecimento que lhe é inerente.
Há sonhos que se assemelham aos lúcidos, que se apresentam muito nítidos e se referem a aspectos da vida consciente fora do corpo físico, pela sua clareza e ausência de conteúdos simbólicos expressivos. São mais que sonhos. São situações revividas pelo ego onírico para serem refletidas pelo ego vígil, de forma objetiva e direta.

Alguns sonhos proféticos se devem ao contato com Espíritos mais esclarecidos que anteveem as ocorrências futuras e as transmitem, pelo sono, ao Espírito liberto. Assemelham-se aos sonhos prospectivos a que se referia Jung.

Embora o sonho seja uma realidade do sonhador, é possível que, nos encontros espirituais, durante o sono, duas pessoas se lembrem, após o acordar, haver sonhado uma com a outra, mesmo que com pequenas diferenças de relato.

Para saber mais sobre este e demais assuntos tratados por Adenáuer Novaes, veja as obras publicadas pelo autor. Este conteúdo foi extraído do livro “Sonhos: mensagens da alma”.
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